domingo, 17 de junho de 2012

Desbravando cervejas: Corsendonk Tempelier (Bélgica)

Tradição Católica! TEMPLÁRIOS!


Antes de mais nada: Calma. Um pedido de calma aos borrachos e frequentadores de pub's de sempre, acostumados com a sessão alcoólica deste singelo blog, por onde podem encontrar sabores e teores variados, das partes mais longínquas deste mundo. Um pedido de calma. Após uma longa pausa no desbravamento de cervejas, e nas próprias postagens em si, voltamos à nossa normalidade com mais pedradas, e principalmente, com o melhor do alcoolismo encontrado nos mercados, pub's e velhos bares de guerra. Para celebrar este pequeno retorno às atividades, nada melhor que uma cerveja especial.

A encontrei nesta sexta-feira (15 de junho) num excelente bar underground situado a uma quadra da minha casa. Lembro-me dos dizeres de banners ultras, encontrados em estádios europeus (como a Itália), com os seguintes dizeres: "Support Your Local Pub". Este bar, em especial, consegue não apenas a nossa fidelidade por conta do que ele é - virilmente falando - como também consegue nosso infinito apreço, uma vez que há uma infinidade de cervejas importadas em seu estoque. Coisas de Homens, compadres. Nos rendemos fácil à boas pelejas de futebol, assim como nos rendemos, principalmente, às excelentes cervejas disponíveis em prateleiras e freezers do velho cotidiano. E eis que encontrei este tijolaço: A cerveja Corsendonk Tempelier, uma belga que remete ao Tradicionalismo Católico e consegue evocar, via às chamas da Tradição, o espírito guerreiro da Europa secular; das batalhas; do vencer ou morrer; do Espírito Santo. Isto posto, meus nobres, para entender a Corsendonk Tempelier, é preciso recorrer mais uma vez ao processo histórico da coisa.

Criada em 1938, a cervejaria Corsendonk está situada na cidade de Oud-Turnhout, que fica na região da Antuérpia, ao norte da Bélgica. Contudo, a história da cerveja nesta região é extremamente antiga. Os monges de Corsendonk, originários da ordem suíça de Windesheim, não apenas elaboravam as famosas cervejas Corsendonk - em pleno século XVII - como também eram conhecidos por transcreverem livros, ensinarem o Latim, assim como propagarem estudos da Bíblia católica. O imperador Joseph II não estava contente com as atividades dos monges e mandou fechar a cervejaria Corsendonk, além de suas atividades extras, em 1784. Durante o lixo da Revolução Francesa (Sim, lixo!) de 1789, as propriedades de Corsendonk foram confiscadas e colocadas à leilão. E eis que no Século XIX, Florentinus Keersmaekers resolve dar continuidade à antiga cervejaria, reativando o processo de elaboração das bebidas. Ele consegue abrir a companhia em 1909, e na década de 30, há o ressurgimento da Cervejaria Corsendonk. As duas companhias "se fundem" em 1982 e bingo: Temos aqui uma cervejaria excelente, especialíssima no tocante às cervejas de caráter católico e de caráter tradicional, secular.

A Corsendonk Tempelier faz uma homenagem à Ordem dos Templários, tradicional ordem militar de Cavalaria da Igreja Católica Apostólica Romana, criada entre os anos de 1118/1119. A mítica Ordem dos Templários foi responsável por participações nas Cruzadas, nas guerras religiosas que atravessaram os velhos continentes ao longo dos dois séculos seguintes. Caracterizados por utilizarem uma belíssima cruz vermelha em seu peito, além dos trajes brancos sob as armaduras; os cavaleiros da Ordem Templária eram honrados, muito bem treinados em táticas militares, e sabiam como agir diante de circunstâncias adversas. Quando "oficialmente extintos" em 1312, migraram para a Península Ibérica (Espanha e Portugal) onde continuaram, daqueles países, suas operações honradas. Histórias à parte, temos aqui uma excelente cerveja, que consegue resgatar em seu corpo, o tradicionalismo de duas frentes históricas: A elaboração de cervejas pelos monges católicos belgas, assim como a Ordem dos Templários, histórica por si só. Tamanha combinação só pode resultar na vontade imensa de se desbravar tamanha cerveja imponente, de torque, rica em identidade e em sabor. E é o que faremos neste momento.

A Corsendonk Tempelier possuiu uma coloração forte, em tom de mel, opaca e espessa, onde a cerveja torna-se uma verdadeira obra-prima ao ser despejada no copo, parecendo uma espécie de creme de caramelo. Conta com uma excelente formação de espuma, muito consistente, que conta com coloração de leve tendência ao bege-caramelo. Em linhas gerais, a Corsendonk Tempelier preza pelo sabor frutado, com predominância de uvas passas e até um pouco do próprio caramelo, puxando para as tonalidades mais cítricas, como a laranja. Em sua totalidade, é uma cerveja mais adocicada, sendo propícia para uma degustação. Conta com malte de alta fermentação e um lúpulo consistente, que consegue segurar a sensação doce em seu final. Possui 6% de teor alcoólico, o que faz dela uma verdadeira pedrada à hooligan. A Corsendonk Tempelier é uma obra-prima. Uma Pale Ale extremamente refrescante, quando servida gelada, por causa de suas conotações que puxam para uma espécie de leveza, do equilíbrio entre o sabor adocicado e o cítrico, mas sem o prejudicial do exagero de tonalidades. Seu retrogosto puxa para essa tendência frutada, mas seu final é leve. É de ótima drinkability, o que torna esta Tempelier extremamente agradável em ser degustada: Não é pesada. A Corsendonk Tempelier segue o molde clássico e tradicional das cervejas belgas. Segue fielmente o traçado original - da elaboração cervejeira nos monastérios através dos monges - e mantém sua identidade Belga.

Identidade é um elemento extremamente importante em estilos de cervejas. Esta Pale Ale pode nos lembrar bem dos sabores das já desbravados Hoegaarden e Leffe, justamente por conta da complexidade maior no conjunto da obra, do cítrico, do adocidado na medida, das tonalidades que exigem mais dos nossos paladares em relação às cervejas casuais (Aquelas do cotidiano). É um tipo de cerveja que, por seguir a secular tradição belga dos moldes cervejeiros, destaca-se facilmente em relação à muitas outras opções do mercado; por seu sabor tradicional e tenro. Homenagem aos Cavaleiros Templários, nossa Corsendonk Tempelier reaviva a chama do Tradicionalismo Católico, e consegue, via invocação qualitativa, trazer mais do século XII ao péssimo tempo presente; este aqui ateísta e crentista. A Corsendonk Tempelier o faz, com a maestria e a precisação de um guerreiro Templário nas cruzadas. Acerta firme tanto em sabor, quanto em consistência, quanto em... Mentalidade.

Salud!

When Sunday Comes.


Desligue a TV.
Vá pra cancha.
Com Guinness, de preferência.


Casuals.

Veterani.

Veterani, SS Lazio.
1994-2004.

terça-feira, 27 de março de 2012

Desbravando cervejas: Baltika Cooler Kynep Premium (Rússia)


Na geladeira do bar que costumo frequentar assiduamente, há diversas cervejas importadas. Produtos que ampliam demasiadamente as opções, diante do quadro oferecido pelos tradicionais supermercados da cidade. Ainda que mais caras, sabe como é a vida de quem ama cerveja. Uma hora, há de se levar uma destas pra casa. E eis que naquela mesma geladeira, uma única cerveja incrivelmente loira despertava a atenção deste singelo borracho. Entre indas e vindas, decidi levá-la. Era o tipo de situação intuitiva, que dizia n'alma: "Leve que não tem erro". O acerto foi grande, e vamos aos finalmentes com esta belíssima cerveja russa chamada Baltika Cooler Kynep Premium, de 500 ml.

A cervejaria Baltika foi fundada em 1990, já após a dissolução da então União Soviética, na cidade de São Petersburgo, Rússia. A data de fundação é importante, uma vez que a cervejaria precisava de equipamentos modernos capazes de processar a fermentação de itens utilizados na fabricação das bebidas. Em 1996, a cervejaria Baltika se tornou a líder de mercado dentro da Rússia; sendo atualmente dona da liderança do mercado do Leste Europeu. Em 2010, ela registrou um share de mercado em cerca de volumosos 40,6%. Entre suas cervejas, a distribuição das marcas é oferecida aos consumidores de maneira muito interessante: Números. Portanto, da "Baltika 1", que é uma cerveja Light, à Baltika 7 feita pra exportação com maior volume alcoólico, seus produtos são divididos conforme a variação do estilo da cerveja. Não limitam-se à apenas 7, a variedade é maior. Utilizei apenas de um exemplo para amostragem, que você pode conferir clicando nesta foto aqui.

Com tamanho share de mercado, não tardaria para maiores ambições, e eis que entra o lançamento desta cerveja Baltika Cooler Kynep Premium. Criada em 2006, após um extenso projeto de elaboração; a Kynep veio para ser um adicional da cervejaria Baltika: Manter a liderança de mercado com uma bebida leve, simples, arrojada e extremamente refrescante. O resultado deu certo, e eis que as terras distantes do gelo siberiano começam a receber as remessas desta potencial e loiríssima cerveja, que já desperta água na boca apenas pelo ar de sua embalagem.

Pra começar, a Baltika Cooler Kynep Premium possui um sistema de abertura muito interessante e diferente das tampinhas tradicionais. Trata-se da tampa estilo "ring crow", um sistema finlandês que permite que você puxe a tampa de uma borracha revestida com uma camada protetora, sem precisar de abridor, através de uma argola. Prático e eficiente. Sobre o líquido sagrado em sí, as expectativas atendem às exigências. A Cooler Kynep é extremamente equilibrada, leve, com sabor realçado de cerveja, sendo ao mesmo tempo refrescante. Ela é completamente propícia para dias de verão e extremo calor. Não possui aquele típico gosto panificado no estômago, e também não deixa aquele clássico retrogosto azedo das tradicionais brasileiras: É o contrário. Ela desce como uma luva, e o retrogosto é refrescante, gelado. Conta com uma ótima carbonatação, além do malte ampliado sobre o lúpulo, característica perceptível quando degustada nesta temperatura assim, bem gelada. A Cooler Kynep possui uma ótima formação de espuma, e conta com o teor alcoólico comum, de 4,7%. Sua cor amarela é intensa: É mais opaca que as tradicionais nacionais, porém mais transparente que as tradicionais européias. Sua drinkability é formidável, sendo excelente para degustação cotidiana (apesar do preço), tornando possível a chance de se tomar várias sem sentir qualquer mal-estar fora a embriaguez normal. Prazeirosa, aconchegante, com um gosto muito bem equilibrado entre o trigo e o lúpulo, sem adicionais de sabor. É uma cerveja pra liderança de mercado, para brigar com Heinekens, Quilmes, Estrella's Damm's, Corona's e demais poderosas do gênero. Uma Pale Lager pra ninguém botar defeitos.


Apesar do preço consideravelmente salgado para o que ela se propõe - ser uma top de mercado - ainda é possível uma maior compreensão, especialmente por causa dos motivos de importação e impostos sobre estes produtos. Mas isso não impede você de degustar a Baltika Cooler Kynep Premium - caso a encontre - especialmente se sua busca por cerveja reflete algo mais leve, que acentue teu paladar e te refresque pros dias de calor. É uma marca pra ser uma das Top 5 cervejas lagers tradicionais, e portanto, corra pegar a sua.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

OldStyle: Juventude Leonina (Sporting Portugal)


Caminhada dos ultras da Juventude Leonina - Sporting de Portugal - provavelmente no final dos anos 80 ou começo dos anos 90. Nada como a boa e velha fumaça pra cobrir de névoa as ruas e mostrar que o fervo está chegando.

OldStyle: Atletico de Madrid (Espanha) x Vitória de Guimarães (Portugal)

E eis que o Atlético de Madrid - então grande algoz do Real Madrid, antes de ser relegado à algo inútil em troca do Barcelona e da rivalidade bilionária - recebe o Vitória de Guimarães, um clube muito foda de Portugal.

Mais uma foto repleta de bandeiras, cachecóis, sinalizadores e um tipo de fervo que não se vê mais presente em estádios espanhóis, o que ajuda a prejudicar bastante a imagem daquelas Ultras, uma vez que leis restritivas por lá são mais intensas. A Frente Atletico sempre se caracterizou por ser uma torcida absurdamente fanática e fotos desta época costumam comprovar isso.

Temporada 1986-87.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Desbravando cervejas: Murphy's Irish Red (Irlanda)


Há exatamente 1 ano atrás, uma cerveja irlandesa foi desbravada aqui no blog, no caso, a Murphy's Irish Stout em lata, uma versão que serve como concorrente à tradicionalíssima Guinness, em igual versão. Nada mais propício do que relembrar a ocasião, voltando novamente à Murphy's. Desta vez, uma versão diferente, cujo estilo reflete bem a característica irlandesa de se fazer cerveja: Red Ales. Ou mesmo Irish Reds.

A Irlanda é um daqueles países que podem servir como referência no processo de elaboração de cervejas. Algo compreensível, ao ver que tal país situa-se na vizinhança da Grã-Bretanha, cujos países também levam a rica tradição de suas porters. Se as stouts são muito bem criadas para a degustação em dias de rigosoros invernos, o mesmo poderia ser dito das tradicionais ales, cervejas que contam com alto processo de fermentação. Aqui é onde se destaca esta singela Murphy's Irish Red, com sua coloração avermelhada, um tanto característica. A coloração pode te confundir com as versões Bock nacionais ou mesmo com a Brooklyn Brown Ale, mas ao presenciar ao vivo, perceberá essas tonalidades. Como escrito na postagem da Murphys Irish Stout, aquela cervejaria foi fundada em 1856; sob o nome de Lady's Well Brewery. Desde aquela época, a Irish Red vem sendo produzida, ganhando já no século XX a alcunha de Murphy's Irish Red, representando enfim o nome da companhia aos cantos do planeta. Graças à Heineken, a companhia que a exporta e nos presenteia com ela.

A primeira característica que se nota nesta Irish Red é a espessa formação de espuma. A temperatura não influi muito no condensamento, ou seja, se você despejá-la fria ou "mais ou menos" no copo, verá a formação de uma espuma grossa, cremosa, que quase se desenha em conjunto com a cerveja. Achei a semelhança incrível com a Guinness Draught: Estilos diferentes, mas elaboradas sob um mesmo processo tradicional, especialmente levando em conta o malte torrado. Aqui na Murphy's Irish Red não seria diferente. Em seu sabor, é possível notar uma mistura entre um sabor caramelado com tons de madeira, o que torna o cojunto bem cítrico ao paladar. É uma Red Ale equilibrada, que consegue descer bem refrescante, de ótima drinkability, e que conta com um retrogosto extremamente leve. Em sua obra, há poucas notas de amargor, deixando o sabor cítrico-caramelado em relativo destaque. Conta também com uma baixa carbonatação e um teor alcoólico de 5%, algo na medida pra uma bebida deste porte. Como resultado final, é mais uma cerveja que realmente vale a pena de se degustar.

Outro benefício que vale pela Murphy's Irish Red é o seu preço. Por ser importada através da Heineken, a cerveja conta com um preço até acessível para se tomar umas garrafinhas. Fácil de ser encontrada nas grandes redes de mercado, esta versão da Murphy's não decepciona. Segue o estilo clássico e tradicional do processo de elaboração de cervejas irlandesas, prezando sempre por sabores diferenciados. Portanto, fica a dica se você busca uma cerveja consistente, mas que seja bem mais refrescante, propícia para dias como estes de verão.