domingo, 11 de dezembro de 2011

Desbravando cervejas: Guinness Draught (Irlanda)

Guinness For Strength!


Enfim, após uma pequena sequência de anúncios antigos referentes a esta cerveja, eis que vou ao mercado e finalmente deparo-me com ela. Após meses e meses de busca, consegui uma solitária latinha, em meio ao espaço vazio que indicava seu ótimo volume de vendas: Guinness Draught. A irlandesa dos olhos de qualquer bêbado que se preze e se valorize, a nata daquelas cervejas que precisam ser desbravadas, tomadas, degustadas e apreciadas em grandes doses. Enfim, o Santo Graal dos Homens que ainda mantém a velha tradição de tomar todas.

A Guinness é uma cerveja da Irlanda, famoso país situado nas proximidades do norte da Grã-Bretanha. Trata-se de uma dry stout, o estilo clássico de cerveja escura daquela região. Seu estilo, aroma e corpo descendem claramente do estilo Porter, que surgiu nas ruas de Londres lá pelos idos do Século XVIII. Atualmente está presente em mais de 50 países, sendo um sucesso de vendas vendendo cerca de 1,8 bilhões. Foi fundada em 1759 pelo cervejeiro Arthur Guinness, um dos personagens mais importantes da história da Irlanda, uma vez que ele era não apenas um cervejeiro, como também um homem de negócios (o que era muito avançado pra época), além de ter participado ativamente da política daquele país, sendo dono de um pensamento de unificação comercial entre a Irlanda e a Grã-Bretanha, até por conta do histórico de sua família. História mundial à parte, a cervejaria Guinness foi criada em St. James Gate, na capital Dublin, onde é fabricada até os dias atuais (Tradição e conservadorismo, chaves para a vitória). O sucesso da Guinness foi quase que instantâneo, e em 1769 (10 anos depois de sua criação), já eram exportados barris por toda a Grã-Bretanha. Dentre os fatos históricos, muitos acreditam que Arthur Guinness foi quem inventou a cerveja stout, apesar do uso desta terminologia, que define o clássico tipo de cerveja escura, forte e seca daquelas terras; tenha aparecido 50 anos antes do nascimento de Arthur, em um determinado manuscrito.

Em 1900, a cervejaria Guinness já operava à todo vapor, contando com uma mão de obra composta por cerca de 5 mil funcionários. Algumas décadas mais tarde, já em 1930, a companhia conseguiu se tornar a sétima maior empresa do mundo. Em tempos onde os EUA viviam uma crise ferrenha, e desenhava-se uma geopolítica que culminaria em uma nova guerra, tal posição apenas mostrava a capacidade e o talento dos irlandeses em fazer cervejas e gerenciar os negócios. Porém, nem tudo são rosas, e a cervejaria passaria por momentos muito difíceis nas décadas de 60 e 1970, com a quedas de vendas e a paralisação na fabricação de suas cervejas porters. Mesmo com a reivenção desta bebida, ainda naquela década, as vendas não alavancaram como se esperava. Na década de 80, após a compra da Distillers Company, estourou-se um escândalo envolvendo a transação monetária, da qual o tribunal irlandês aliviou um dos diretores da cervejaria. Ainda nestes períodos de crise, a Guinness conseguiu se reestabelecer no mercado, especialmente após a fusão da companhia com a Grand Metropolitan; que resultou na Diageo, em 1997. A Diageo se tornou uma notória companhia, responsável na distribuição de bebidas alcoólicas em geral (Smirnoff, Johnnie Walker, Baileys e a Guinness) por toda a Grã-Bretanha e o restante do mundo, sem jamais interfir ou realizar ingerência nestas respectivas marcas citadas. Por aí tu consegue ter a dimensão da força dos caras.

Indo direto ao ponto, a tradicional Guinnes Draught é absurdamente fantástica. Não é a toa que ela tem ótimas vendas. De cara, percebe-se que sua aparência é fora de série, extremamente dark, com tons de cobre, contando com aquela suculenta espuma bege que se espera de uma dry stout muito bem feita. A baixa carbonatação ajuda ela a ser uma cerveja mais leve, tornando a degustação mais fácil ao público que não está acostumado com o vigor das stouts. Extremamente cremosa, seu líquido conta com notas levemente acentuadas de café, torrefação, e um quê de chocolate. A sensação inicial do primeiro gole é a de que você está degustando um puro capuccino em forma de cerveja, e isto é absurdamente maravilhoso. Possui um conjunto completamente cosistente, entre o malte torrado, o lúpulo utilizado em doses leves, além de todos os adicionais de sabor previamente descritos. A Guinness Draught conta com um retrogosto excelente, longo, que aliva o paladar ao mesmo tempo em que te pede por um próximo gole. Conta com 4,2% de teor alcoólico, e na versão lata (Tal qual a desbravada aqui) conta com a presença de uma simpática bolinha em seu interior, que ajuda a manter todo o conjunto de características bem equilibrados. Faço a ressalva aqui pra belíssima formação de espuma, sendo quase uma obra prima que não se dissipa. É muito difícil achar uma cerveja que trabalhe tamanho envolvimento e desenvoltura no interior do copo, da forma como a Guinness Draught a faz.
Foto: Espuma da Guinness não se dissipa.

Em linhas gerais, a Guinness Draught é um tipo de cerveja completamente à parte. Dona de um quê "caseiro", ao mesmo tempo em que é fabricada e envasada às largas quantidades, a Guinness consegue manter seu padrão e sua tradição, mesclando vigor e suavidade em um equilíbrio perfeito. Mais do isso, a Guinness consegue ultrapassar pontos vitais de sua própria existência, sendo apontada através de estudos como uma cerveja que faz bem pra saúde e pra força dos homens. Um verdadeiro tiro na culatra dos politcamente corretos. Dona de uma rica história e uma rica mentalidade, a Guinness Draught faz jus Às suas características. Deste ponto em diante, será parte integrante do cotidiano desta pessoa que vos escreve. E que seja parte integrante do seu também, afinal, a vida é para se viver.

Cheers!