terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Carpete (G.K. Chesterton)


"Muitos homens retornariam à fé e moral dos velhos tempos se conseguissem alargar suas mentes o suficiente. É principalmente estreiteza mental que os mantém na rotina da negação. Mas esse alargamento é facilmente mal-entendido, porque a mente deve se alargar para perceber as coisas simples; ou mesmo as coisas auto-evidentes. Precisa-se de um esforço de imaginação para perceber os objetos óbvios contra um fundo óbvio; e especialmente os objetos grandes contra um fundo grande. Há sempre o tipo de homem que não consegue perceber nada exceto uma mancha no carpete, pois não consegue perceber o carpete. E isso tende à irritação, que ele pode exagerar e transformar numa rebelião. Então há o tipo de homem que percebe somente o carpete, talvez porque seja um carpete novo. Isso é mais humano, mas pode estar manchado de vaidade e mesmo vulgaridade. Há o homem que pode ver somente a sala acarpetada; e isso tenderá a isolá-lo demais das outras coisas, especialmente dos quartos dos empregados. Finalmente, há o homem com larga imaginação, que não consegue se sentar num cômodo acarpetado, ou mesmo no quarto de despejo, sem perceber, a todo o momento, o contorno de toda a casa contra seu fundo aborígene de terra e céu. Ele, compreendendo que o teto foi feito, desde o início, como uma proteção contra o sol ou a neve, e a porta contra o frio ou a lama, saberá melhor que o restante dos homens – e não pior –as regras internas. Ele saberá melhor que o primeiro homem que não deve haver mancha no carpete. Mas ele saberá, diferentemente do primeiro homem, porque há um carpete."

(G.K. Chesterton)

Extraído deste link aqui.